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Férias aos quadradinhos


Porque é comum, senão quase certo que o tema forte de arranque do ano letivo na sala de aula será “As minhas férias de verão”, hoje sugiro uma atividade simples e que, tanto pode ser feita em sala de aula, como lá em casa, com os pais, em jeito de preparação dos meninos mais inseguros.

Convenhamos e espero que acreditem cada vez mais no facto de que saber escrever bem é importante. Num mundo que gira a uma velocidade irreal, ser eloquente abre caminhos, clarifica visões, faz valer opiniões e valoriza o ser humano. É comunicar. É ser.

É uma dificuldade quase geral levar crianças a fazer composições – “Vamos fazer uma composição com o tema X. Quem terminar, pode fazer o desenho”. E o lápis não desliza. A mente deambula por assuntos que nada têm a ver com as férias…

Muitas vezes, o segredo para a motivação estará em começar com os pais algo que seria suposto só acontecer na escola. Mostrar à criança que também lá em casa é importante comunicar, explicar e falar sobre o que nos aconteceu, acontece ou pensamos que nos acontecerá. Acredito, piamente, que muitos dos problemas de expressão das crianças estão associados a ausência de comunicação familiar. Fala-se pouco. Comunica-se pouco, Cada um no seu gadjet, no seu canto, cumprindo rotinas silenciosas. E este seria um tema que se poderia alargar imenso.

Mas vamos ao que importa.

O que acontece na escola é mais ou menos isto:

Vamos fazer uma composição com o tema X. Quem terminar, pode fazer o desenho”

Vamos inverter. Vamos começar pelo fim.

Primeiro:

Numa folha de papel A4, desenhe 4 quadrados.

Em alternativa e se vós, pais, sabem de antemão que os pequenotes têm muitos acontecimentos para relatar, não hesitem em fazer mais quadrados. Fica ao vosso critério!

Segundo:

Entregue a folha à criança, acompanhada de lápis de carvão, borracha e qualquer material para colorir e peça-lhe que selecione 4 episódios/acontecimentos que considere mais importantes durante as suas férias.

Este é um período de tempo precioso. Deverá deixar a criança à vontade. Sem qualquer tipo de imposição ou regra nos desenhos.

Terceiro:

Quando a criança der por terminados os seus desenhos, faça-lhe questões sobre cada um dos quadrados, como por exemplo:

- “Então, o que aconteceu nestes quadrados?”

Esta pergunta aberta poderá dar azo a uma autêntica narrativa. Oiça o seu filho com atenção. Tome a sua história como um filme. Mostre-se entusiasmado(a) e faça-lhe perguntas e suposições mais específicas. A criança gosta de se sentir ouvida e, com isto, perceberá que o que desenvolveu não foi só para lhe ocupar o tempo.

- “Isto aconteceu tudo no mesmo dia?”

Ajude a criança a numerar os quadrados cronologicamente. Se quiserem, poderão colocar as datas ou o mês. Esta é uma pergunta que organizará mentalmente os acontecimentos e ajudará a criança a definir os parágrafos mais importantes num futuro texto. Bem como a induzirá a utilizar os conectores “antes”, “depois”, “no dia seguinte”, “passados alguns dias”…

-“O que é esta coisa que está aqui no cantinho?”

Mostre-se atento(a) a pormenores. Leve a criança à necessidade de explicação das suas opções e se esse é ou não um pormenor importante das suas férias. Creia que se o desenhou, com certeza é importante.

No final, deixe que seja a criança a decidir onde quer colocar os seus quadrados. Porque não iniciar um diário? Colocar na porta do frigorífico. Levar outros amigos a fazer o mesmo e dinamizar um jogo no qual, trocando os desenhos, através dos mesmos cada criança terá de adivinhar as férias do amigo. As possibilidades são infinitas e ficam à mercê da vontade, criatividade ou humor desse momento do dia.

Três passos, simples, concretos e que não demoram uma eternidade.

Garantidamente, depois desta exploração, a criança terá as suas férias bem organizadas mentalmente e os quadrados na sua memória visual, à qual poderá recorrer quando, em contexto escolar ou não, lhe pedirem relatos das férias.

O quarto passo (escrever um texto) será sempre opcional. Nada de forçar a criança a fazê-lo em casa. Até porque, muito provavelmente, fa-lo-á na escola.

Pais, professores e meninos, juntem tudo e façam crianças felizes!


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